domingo, 27 de setembro de 2009

O Mundo Mágico de Marc Chagall – o sonho e a vida - na Casa Fiat de Cultura em BH

A magia e a intensidade das cores de Marc Chagall (1887-1985), pintor bielorruso que se fixou na França, podem ser vistos em Belo Horizonte. De 4 de agosto a 4 de outubro de 2009. A Casa Fiat de Cultura realiza a exposição “O Mundo Mágico de Marc Chagall - O Sonho e a Vida”, sob curadoria de Fabio Magalhães. A mostra segue para o Museu Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro (RJ), em versão reduzida, onde permanecerá aberta ao público de 15 de outubro a 6 de dezembro de 2009.

A exposição de Marc Chagall reúne 302 trabalhos do artista e 28 obras do Contexto Brasil, entre pinturas, guaches, esculturas e gravuras. Destaque para as séries completas de gravuras como La Bible [A Bíblia], Daphnis et Chloé [Dafne e Cloé] e Les Âmes mortes [As Almas mortas], reunidas pela primeira vez no Brasil, assim como a obra Salon de coiffure (oncle Zussy) [Salão de cabeleireiro (tio Zussy)], guache e óleo sobre cartão de 1914, que pertence à Galeria Tretyakov, na Rússia.

Breve Biografia


Marc Chagall (Moshe Zakharovitch Shagal) nasceu em 6 de junho de 1887, em um bairro de judeus pobres de Vitebsk, na Bielo-Rússia – àquele tempo, pertencente ao império russo. Um dos pioneiros da modernidade, participou das grandes transformações das artes plásticas no início do século XX, tornando-se um dos mais notáveis artistas de seu tempo. Apesar do intenso convívio com as tendências de vanguarda, a arte de Chagall adquire contornos pessoais desde a juventude. Desde cedo, sua expressão segue caminhos singulares.
O curador Fabio Magalhães disse que a primeira e única exposição das pinturas do artista no Brasil ocorreu durante a IV Bienal Internacional de São Paulo, em 1957.

As obras

O imaginário popular da Europa Oriental e os temas religiosos, mitológicos e literários compõem um panorama que permeia o real e o fantástico, o sonho e a vida. A sensibilidade e a poética de Chagall estão presentes em suas obras. Também integram a mostra duas esculturas do artista, produção muito pouco abordada e exibida de Chagall.
O visitante encontra um panorama dos trabalhos da juventude e da maturidade do artista, além de um núcleo expositivo que busca contextualizar a relação entre Chagall e o Brasil, com destaque para obras de artistas brasileiros influenciados pelo pintor. A mostra conta, ainda, com a exibição do vídeo realizado por Roberto D'Avila, para a série de programas intitulados Conexão Internacional, em que entrevistou Chagall e Vavá, esposa do artista. Trata-se de uma das últimas entrevistas com o artista, realizada na década de 1980.

Os módulos da exposição

1) Pinturas da juventude
34 obras

O primeiro módulo da exposição retrata obras de Chagall em sua fase jovem. Neste núcleo, destaque para as obras que simbolizam a adesão, pelo artista, à revolução bolchevista, como em Paix aux chaumières - Guerre au palais [Paz nas choupanas - Guerra no palácio], aquarela de 1918, que pertence à Galeria Tretyakov, em Moscou. As primeiras gravuras da Série Ma Vie (Minha Vida) também estão contempladas nesta primeira fase.

2) Séries Les Âmes Mortes
96 gravuras


Segundo módulo da mostra, a série de gravuras Les Âmes mortes diz respeito às reminiscências da Rússia. O romance Almas mortas, de Gogol, ressuscitou na memória de Chagall os tipos humanos característicos do país, que a revolução comunista fez desaparecer, como Séliphane, o cocheiro beberrão e preguiçoso que acompanha o ganancioso amo Tchitchikov, que, em suas aventuras à procura de fortuna e sucesso, “compra” de senhores feudais de província seus servos falecidos (âmes mortes) e, acompanhado pelos fantasmas, toma posse de vastos domínios e ingressa na alta sociedade. Em suas obras, Chagall capta o estilo de Gogol, ao desnudar os seres humanos e combinar a força satírica com o lirismo nostálgico de sua terra natal. As ilustrações são, em si mesmas, peças de narrativas visuais.

3) Série Fábulas de La Fontaine
23 gravuras


Sob encomenda do marchand e crítico de arte Ambroise Vollard, Chagall produziu, entre 1926 e 1927, 100 guaches representativos das fábulas de La Fontaine (1621-1695). Os guaches foram expostos, em 1930, em Paris, Bruxelas e Berlim. Vendidos, dispersaram-se pelo mercado e nunca mais foi possível reuni-los integralmente. O conjunto exposto em Paris causou polêmica. Diversos críticos atacaram a abordagem do pintor. Vollard saiu em defesa do artista, afirmando haver grande empatia entre o espírito das fábulas e a obra de Chagall. Ainda em 1927, mais uma vez a pedido de Vollard, Chagall retoma os temas dos guaches, para refazê-los em gravura em metal e explorar as possibilidades expressivas da água-forte. Essas ilustrações mostram o artista com um domínio muito mais apurado do processo de produção da gravura. Do ponto de vista técnico, o resultado é superior à série Les Âmes mortes. O pintor utilizou, também, a água-tinta, para obter uma variada gama de cinzas, que dialogam com zonas de negro intenso e aveludado.

4) Série A Bíblia
105 gravuras


Após as séries Les Âmes Mortes, de Gogol, e das Fábulas de La Fontaine, Vollard pediu a Chagall que realizasse um conjunto sobre a Bíblia. O artista trabalhou neste projeto de 1931 até 1939. Em função da incumbência, viajou à Palestina para conhecer o teatro dos acontecimentos bíblicos. Voltou sua atenção aos temas religiosos pintados por grandes mestres, como Rembrandt (1606-1669), cujas gravuras conheceu na viagem que fez à Holanda, em 1932. Chagall já havia realizado mais de 60 gravuras da série sobre a Bíblia quando Vollard faleceu. Apesar disso, continuou trabalhando. As 105 gravuras foram concluídas em 1939 e a publicação, planejada por Tériade em três tempos: 1948, 1952 e 1956. A essência de Rembrandt pode ser notada pela composição das cenas bíblicas e por muitos dos efeitos gráficos do velho mestre que foram aplicados nas gravuras de Chagall.

5) Série Dafne e Cloé
42 gravuras


Esta foi a que mais me impressionou. Maravilhosa, exuberante em suas cores...
Para realizar a série Daphnis et Chloé, Chagall viajou duas vezes à Grécia, com o propósito de vivenciar a atmosfera e a luminosidade da paisagem e conhecer melhor a cultura pastoril. A primeira visita, em 1952, proporcionou a execução dos primeiros guaches, que registram a luz mediterrânea e a experiência emocional vivida em terras gregas. Dois anos depois, o artista retornou para aprofundar seus conhecimentos do mundo clássico. Os 42 guaches foram realizados entre 1953 e 1954. Em 1957, o pintor dá início aos estudos preparatórios para a transposição dos guaches em litografias, com o impressor Charles Sorlier (1921-1990), no famoso estúdio de Fernand Mourlot. Juntos, eles desenvolveram transparências de cor e criaram jogos que contrapunham brilhos e opacidades. Para obter o resultado pretendido, de extraordinária beleza cromática, foi necessário utilizar uma pedra para cada tonalidade de cor. Assim, uma única gravura exigiu 25 pedras matrizes, o que significa 25 impressões. Tal minucioso processo estendeu-se por quatro anos e a série foi publicada em 1961, por Tériade.

6) Esculturas
2 esculturas


As duas esculturas em mármore, Oiseau [Pássaro] e Poisson [Peixe], foram encomendadas ao artista, em 1964, por Ira Kostelitz para um pavilhão especialmente construído para exibi-las em sua residência parisiense. Cerca de 40 anos mais tarde foram doadas a Leonard e Annette Gianaddah, que inauguraram a Cour Chagall, em novembro de 2003, por ocasião do 25º aniversário da Fundação Pierre Gianadda, na Suíça.

Casa Fiat de Cultura
Rua Jornalista Djalma Andrade, 1250 - Belvedere – Nova Lima (MG)
Informações: 31 3289-8900
Entrada gratuita para toda a programação.
Terça a sexta-feira - 10h às 21h
Sábados, domingos e feriados - 14h às 21h.
Transporte gratuito (Van) em frente à Secretaria de Educação, na Praça da Liberdade.
Agendamento para grupos e escolas: (31) 3289-8910 ou e-mail:agendamento@casafiat.com.br
www.casafiatdecultura.com.br

2 comentários:

Anônimo disse...
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